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Verdade seja dita!

Verdade seja dita. Criança é um Ser naturalmente questionador. E nós pais, precisamos responder aos seus questionamentos dentro daquilo que traz conforto e contento para a criança.

Quando a minha filha tinha dois anos e meio, me questionou de onde havia nascido. E eu, calmamente, respondi que ela tinha saído da minha barriga. Satisfeita seguiu o seu caminho. Nessa ocasião, ela era filha única.

Aos quatro anos e meio, já com um irmãozinho de 8 meses, chegando da escola, coloca a mochila em cima da cadeira, põe as mãozinhas na cintura e me pergunta: “mãe, de onde eu nasci mesmo!!!!. Eu, novamente, calma, informei que ela tinha nascido da minha barriga. Insatisfeita me perguntou: ”E de onde mais?” Eu, desajeitada, pergunto: “O que houve na escola que você já chegou com tantas perguntas? Você ouviu o quê na escola? Vale ressaltar que ela estudava em uma das primeiras escolas construtivistas da Bahia e que a relação estabelecida com a criança é diferenciada. A escuta aos desejos da criança era muito apurada e conversada.

Então, ela voltou a me perguntar. Como senti que já sabia de alguma outra resposta, não deveria me furtar da verdade. Então, expliquei que havia nascido pelo órgão genital feminino, utilizando um apelido que usávamos na época. Imediatamente olhou para o irmão, que estava sentado em uma cadeirinha, e perguntou por onde ele havia nascido. E respondi que ele havia nascido pelo órgão genital.

De repente, ela me sai a gritar dizendo que não queria nascer daquela forma. E fiquei preocupada com que os vizinhos iam pensar. Do que estava acontecendo na minha casa. E rapidamente, peguei-a e a coloquei no meu colo e expliquei que o nome que se dava ao nascimento pelo órgão genital era Parto Normal, e ao nascimento pela barriga era parto Cesária. Disse a ela, que eu tinha nascido de parto normal, que a avó, que a tia e a melhor amiga dela também. O que era verdade.

Disse também, que o parto normal, era a melhor forma de se nascer, pois a criança poderia mamar imediatamente no seio da mãe e que foi isso que aconteceu com ela. Contei para ela que o parto dela foi maravilhoso e que se eu pudesse todos os meus partos seriam assim. Verdade. E, dessa forma ela se aquietou e fomos almoçar.

Certa de que já tinha satisfeito todos os seus desejos, assim que saí da mesa fomos escovar os dentes e aquele toquinho de gente atrás de mim solta mais uma pergunta: “mãe, e dói?

Confesso que fiquei sem chão. E logo veio uma resposta com a pergunta: “filha, você faz cocô? De pronto ela respondeu: “Faço”. Perguntei; “O tamanho do seu cocô é grande ou é pequeno”? Ela: “grande”. “E o tamanho do buraquinho por onde sai o seu cocô é grande ou é pequeno?” Ela: Pequeno. E lhe fiz a mesma pergunta; “E dói?”. A resposta: “Não”.

Assim, expliquei da capacidade do nosso corpo de se elastecer e se moldar e, acrescentei, que para o parto ser normal era necessário a cabecinha da criança estar encaixada, e caso a cabeça fosse muito grande o médico, então, ajudaria com um corte. E novamente afirmei que o parto normal era o melhor para mim. Ela então se aquietou e me disse. Quando eu tiver um filho vou querer normal.
E que a verdade seja dita: vamos escutando e aprendendo com a criança! Senão a gente dança!

Artigo publicado e republicado pelo jornal Diário de Ilhéus em 31/03/2017 e 26/07/2019

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