A semana passada iniciamos uma conversa sobre o Trauma, que surge quando uma pessoa não consegue retornar à sua vida normal, depois de passar por um evento impactante em sua vida. E, a resposta de imobilidade se acopla cronicamente ao medo e a outras emoções negativas intensas como pavor, repulsa e desamparo. (LEVINE, Peter, 2012).
É importante lembrar, que todos nós passamos por traumas. O primeiro grande trauma pelo qual passamos é o nascimento. E o seu grau de importância será dado de acordo com a modalidade ao nascer. Parto Normal, tende a ser o menos traumático, seguido da Cesária e Fórceps. Antigamente, qualquer que fosse a forma que a criança viesse ao mundo era recebida com um tapinha na “bunda”. Hoje já se reconhece ser desnecessário. Pois a criança sai de um aconchego materno, um lugar quentinho e ainda é recebido com tapas? É um pouco demais para o nosso entendimento atual.
O trauma de fato se instala quando a resposta ao evento vivido surge com muito medo, ou outras fortes emoções. No caso de um parto, as sensações acionadas no sistema do bebê ao retirá-lo do seu aconchego devem ser bem intensas. Sendo assim, é criada uma memória celular e, a criança traumatizada desde já apreende a ter medo das suas próprias sensações, podendo criar um ciclo persistente a ponto de lhe paralisar.
E com certeza você está a se perguntar. Será que eu posso amenizar esse efeito traumático de fortes experiências vivenciadas por mim ou por outros?
A resposta é sim. E para isso são necessários alguns cuidados. O primeiro é buscar algo que lhe dê segurança. O olhar de alguém, segurar a mão de alguém que confie, ou ir para um local mais seguro do que se encontra. Outro ponto importante é desenvolver a sensopercepção, que é a percepção consciente do que acontece com o seu corpo. Deixar o seu corpo dar as respostas desejadas na hora do evento. Tremer, pulsar, vomitar, correr se for seguro naquele momento, dentre outras. É importante também mudar o foco, mudar o pensamento, distrair a mente enquanto um socorro não vem. Por exemplo, contar os galhos de uma árvore, cantar uma música, contar quantas pessoas passam de óculos, quantos homens, mulheres, etc.
No caso da criança que nasce o melhor remédio é o aconchego da mãe. O seu seio, o mamar, o olho no olho, uma musiquinha tranquila. Tudo isso lhe trará conforto e segurança e vai possibilitar a restauração do seu sistema.
E se de fato o trauma se instalar? Deve procurar um profissional que possa ajuda-lo. Em nossa próxima edição, nos aprofundaremos mais um pouco sobre o que acontece com o nosso sistema quando passamos por eventos traumáticos.
Artigo publicado no Jornal Diário de Ilhéus em 13/04/2017.