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Trago a evolução dentro do meu sistema.

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Já falamos em artigos anteriores o quanto um evento traumático pode acionar o nosso sistema nervoso. E, muitas vezes, reagimos de forma até assustadora e quando nos acalmamos, duvidamos da nossa reação.
Por que será que isso acontece? Uma parte do nosso sistema nervoso, chamado sistema nervoso autônomo, atua independente da nossa vontade. Esse sistema é subdividido em sistema nervoso simpático e sistema nervoso parassimpático.
Ao contrário do que o nome expressa, o sistema nervoso simpático não é nada “simpático”. Ele é quem ativa o nosso corpo avisando que estamos em perigo! Sendo assim, estimula à produção de adrenalina e noradrenalina, a aceleração do nosso coração, a liberação de glicose pelo fígado e, por aí vai. Provoca em nosso corpo uma verdadeira revolução. Ativa o nosso sistema de defesa e bloqueia em parte o sistema de interação social. Ele nos ajuda a fugir ou a lutar.
O sistema nervoso parassimpático, não é tão “simpático” como a ciência imaginava. Stepehn Porges, em seu revolucionário trabalho identificou que esse sistema é composto de mais dois. Um, recentemente descoberto, chamado vago ventral, que cuida da interação social, existente apenas nos mamíferos, e o outro vago dorsal, mais primitivo.
E como eles atuam em nosso corpo? O sistema vagal ventral promove uma tranquilidade, permite que nos envolvamos socialmente, traz uma respiração ampla e relaxada e mãos naturalmente aquecidas. Pois é um sistema que traz um nível de evolução maior. É mielinizado, ou seja, é como se fosse um fio protegido com uma capa.
O sistema mais primitivo atua quando nem um dos outros sistemas conseguem reagir diante da situação de perigo vivida. Quando nos encontramos em uma situação de perigo e que não podemos nem fugir e nem lutar. A última alternativa de sobrevivência. E causa um apagão em nosso corpo. Ou ficamos imobilizados ou nos desligamos da situação, provocando uma divisão da personalidade que é a base central do trauma.
Nesse caso, a reação corporal é de colapso, quando o diafragma perde toda sua vitalidade, o olhar torna-se fixo e perdido, a respiração reduz com consequente desaceleração dos batimentos cardíacos e contração das pupilas.
E é preciso, nesse caso, buscar um terapeuta especializado no assunto, pois uma pessoa traumatizada, está fisiologicamente indisponível para compartilhar de frente a sua dor, podendo considerar o terapeuta desabilitado como uma ameaça.
É preciso ser cuidadoso no trato com o trauma e desenvolver métodos para ajudar o cliente a: re-estabelecer a conexão com a vida, ajudando-o a sair dessa imobilidade; ativar aos poucos o seu sistema simpático, promovendo a mobilização; descarregar e, chegar a um estado de homeostase, ou seja de equilíbrio e integração, voltando a interação social.

Artigo publicado no jornal Diário de Ilhéus em 20/04/2017

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