
Lembro que quando eu adoecia, o que não era tão frequente, minha mãe me levava ao médico clínico, que hoje poderíamos chamar de integral. Porque a conversa e a escuta era algo que predominava na consulta, acompanhada de um exame físico bem apurado, para então solicitar exames, conforme um pré-diagnóstico concebido.
Hoje, o que estamos assistindo na medicina, dita moderna, é que o Ser Humano, há um bom tempo, vem sendo retalhado. As especializações trouxeram um profundo conhecimento sobre as partes, porém, uma desintegração com o todo. Consultas curtas, sem escuta e sem análise física tornou-se uma realidade. Se consulto um cardiologista e informo que tenho uma dor de cabeça e uma micose de pele, sou orientada a procurar um neurologista e um dermatologista. Já pensou que trajetória?
Thorwald Dethlefsen, psicólogo e diretor do Instituto de Psicologia Experimental em Munique e Riidiger Dahlke, médico e psicoterapeuta, com especialização em medicina natural, ressaltam em seu livro “A doença como caminho”, que antigamente após um bom tempo de escuta, o médico perguntava ao seu paciente: “meu filho o que lhe falta?”. E a resposta a esta pergunta era a chave para a cura dos males que afetava o paciente.
Desde a época do Renascimento até hoje, o conhecimento é tido como uma representação da realidade vivenciada, dissociada do sujeito conhecedor. Com isso criou-se uma separação entre cuidador-paciente.
Desde a década de 70, a Organização Mundial de Saúde criou o Programa de Medicina Tradicional, e expressa o seu compromisso em estimular os estados a formularem e implementarem políticas públicas para seu uso racional e integrado. Embora no Brasil esse movimento tenha se iniciado em 1980, após a criação do SUS, com o propósito de integrar a visão científica, saberes e procedimentos com a qualidade de vida e um atendimento mais humanizado, a nossa realidade demonstra um distanciamento desse propósito. E a implantação das Práticas Integrativas e Complementares Portaria 971/2006(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0971_03_05_2006.html), surge com a intenção de resgatar esse compromisso, embora encontre fortes resistências.
Apesar do Ministério da Saúde estar desenvolvendo estratégias para ampliação das Práticas Integrativas e Complementares, com a formação, por exemplo, de 17 mil trabalhadores em saúde, percebemos que há muito a ser realizado.
Agora, com a inserção de novas práticas, como a Acupuntura, Auriculoacupuntura, Homeopatia, Medicina Antroposófica, Plantas medicinais e fitoterapia, Arteterapia, Ayurveda, Biodança, Dança Circular, Meditação, Musicoterapia, Reiki, Yoga, Constelação Familiar, dentre outras, precisamos nos empenhar para fazer dessas práticas uma realidade em nossa cidade. Pois são elas que evitam o uso excessivo de medicamentos, com resultados cientificamente comprovados, melhoria da qualidade de vida e menor ônus para os cofres públicos.
Artigo publicado em 5/5/2017 no jornal Diário de Ilhéus