Em nosso artigo da semana passada, Os nossos vínculos sob o olhar das Constelações Familiares, comentamos que para Bert Hellinger, criador dessa terapia, a consciência pessoal atua de forma instintiva em todos os nossos relacionamentos, levando em consideração três aspectos que causam impacto em nossas vidas: o vínculo, o equilíbrio entre o dar e o receber e a necessidade de ordem. Hoje iremos falar sobre o equilíbrio entre o dar e o receber. E é importante lembrar que todos esses aspectos estão sendo tratados sob o olhar da terapia da Constelação Familiar.
O movimento do dar e receber traz dois sentimentos em nossa consciência, mesmo que seja despercebido. O sentimento de que somos credores, quando damos e de devedores quando recebemos. Essa é a segunda dinâmica de culpa e inocência nos relacionamentos. E quando esse movimento é equilibrado nos sentimos em paz.
Segundo Bert, todas as pessoas adotam três padrões para alcançar e preservar a inocência nas trocas em seus relacionamentos: a abstinência, prestimosidade e a troca total.
A abstinência diz respeito às pessoas que preferem não se relacionar para se sentirem desobrigadas a devolver. E assim se fecham. E deixam de viver a vida em sua plenitude e rejeitam aquilo que precisam e que é necessário para viver. Acham que se sentem livres e no fundo sentem-se vazias e insatisfeitas. Por exemplo, aqueles que rejeitam ou julgam os pais, independente do que tenham feito, costumam se sentir perdidos e incompletos.
A prestimosidade diz respeito às pessoas que negam suas necessidades, mesmo depois de receber o suficiente para sentirem obrigadas. (Hellinger, Bert,2006). São aquelas pessoas prestativas demais, que no fundo dizem: “É melhor você ficar me devendo do que eu devendo a você!” e que no fundo vivem a ilusão da superioridade, rejeita as bonanças da vida e nega a igualdade.
A troca total diz respeito às pessoas que dão e recebem em sua plenitude. Além do equilíbrio entre o dar e o receber existe o equilíbrio entre a quantidade doada e recebida. Quanto mais doam mais recebem e assim sentem-se felizes e em paz.
Em resumo, é necessário existir um equilíbrio entre o dar e o receber em nossos relacionamentos. Se por exemplo, um marido presenteia a esposa por amá-la, a esposa aceita e sente necessidade de retribuir um pouco mais. Se o marido ou esposa fazem algo de ruim para o parceiro, o outro deve fazer algo em proporções menores para manter o equilíbrio.
As únicas relações, segundo Bert Helinger que é aceitável o desequilíbrio entre o dar e receber é na relação entre pais e filhos e professores e alunos. Pois, pais e professores são doadores e filhos e alunos recebedores. Encontrarão o equilíbrio entre o dar e o receber quando transmitirem para a próxima geração o que ganharam da anterior. Os filhos e os alunos devem proceder da mesma forma.
Quando as pessoas recebem mais do que podem dar, compensam o desequilíbrio com a gratidão autêntica dizendo:”Você me presenteia sem pensar em retribuição e eu aceito o seu presente com amor”. E ao escutar quem recebe a gratidão deve afirmar: “Seu amor e sua valorização do meu presente valem mais para mim do que qualquer outra coisa que você pudesse me dar”. (Hellinger, Bert, A simetria oculta do amor – São Paulo, Cutrix, 2006).Dessa forma valorizamos muito mais o Ser do que o Ter.
Em nosso próximo artigo, falaremos sobre o aspecto referente à ordem.
Artigo publicado em 02/06/2017 no jornal Diário de Ilhéus.
Muitas bom Eulina! Esclarecedor demais este texto. Bert Hellinger nos traz muito conteúdo que orienta a ter uma vida mais saudável e feliz. Parabéns pelo texto! Abraço.
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