Hoje vamos falar sobre o último padrão de dar e receber, entre pais e filhos, que é prejudicial para o amor: quando os pais tentam receber dos filhos e os filhos tentam dar aos pais.
Esse padrão se manifesta quando os pais não receberam o suficiente dos seus próprios pais, ou quando o dar e o receber em sua parceria de casal foi um movimento desequilibrado. Então, os pais demandam dos filhos que as suas necessidades emocionais sejam supridas por eles e os filhos sentem-se na obrigação de supri-las. O resultado é que há uma inversão de papeis. Os filhos tornam-se os pais dos pais. Ocorre o que chamamos de parentificação.
A parentificação sob o olhar sistêmico se diferencia das terapias tradicionais, pois se refere a um padrão familiar de várias gerações. Se refere a uma parentificação familiar. Por exemplo, uma mãe que possui um ressentimento contra a filha e não identifica um motivo concreto, examinando a sua relação com a sua mãe, percebe que o ressentimento para com a filha é o mesmo ressentimento que sentia por sua mãe. Esse amor emaranhado à mãe impediu o seu amor para com a filha.
Os filhos devem evitar sentir-se responsáveis pelas condições emocionais dos pais e se colocarem na posição de filhos. Eles não podem dar aos pais aquilo que os pais não receberam dos seus próprios pais. Devem liberar o sentimento de culpa caso deixem de atender a alguma demanda. Por exemplo, “se não fizer isso, meu pai vai nos deixar”, ou “se eu não atender à minha mãe ela vai adoecer”.
Percebemos após todos esses artigos que escrevemos sobre a relação de pais e filhos, que o amor flui em uma família, na medida em que se respeita a sua hierarquia. E essa hierarquia atende a três critérios: tempo, peso e função.
Tempo, diz respeito a quem vem primeiro. Dos mais antigos para os mais novos. O relacionamento entre marido e mulher, antecede ao relacionamento de pai e mãe. Os pais sempre vêm primeiro que os filhos e os filhos mais jovens sempre vêm depois dos mais velhos. O primeiro filho dá ao segundo e ao terceiro, o segundo filho recebe do primeiro e dá ao terceiro. Por isso, muitas vezes o filho primogênito é recompensado com privilégios e o mais novo assume maiores responsabilidades para com a velhice dos pais. (HELLINGER, Bert, 006).
Peso diz respeito à importância. O relacionamento entre pai e mãe é o primeiro em importância. Depois o relacionamento ente pais e filhos, os relacionamentos entre a família em geral e por último entre os demais grupos.
Função diz respeito à assunção de papeis que desempenhamos.
Em nosso próximo encontro vamos falar da Constelação Celular. Você já ouviu falar? Provavelmente não. Então me acompanhe!
Artigo publicado no Jornal Diário de Ilhéus em 30/06/2017