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Continuando: Quando e como construímos as nossas crenças

Criança

Em nosso artigo anterior falamos que a ciência comprova que é na idade entre os dois e seis anos, onde a criança vive entre o mundo imaginário e o mundo real, que ela firma as suas crenças. Ou seja, é nessa fase que o cérebro da criança é programado, antes mesmo de desenvolver o raciocínio crítico.

Vou ousar e convidar você a refletir comigo sobre essas constatações da ciência, e, sob a visão da Epigenética, indagar que além dessa programação das nossas crenças, há também uma memória celular que é ativada pelo ambiente que nos encontramos. Seja ele de ordem física, emocional ou espiritual.

Se Einstein com a Teoria da Relatividade demonstra que E=MxV², ou seja, energia é igual a massa vezes a velocidade da luz ao quadrado, isso é mais uma constatação de que somos energia. Jung, em seus estudos, revelou a existência de um Inconsciente Coletivo, o que significa que, todo esse campo de conhecimento que adquirimos ao longo da existência da humanidade, fica guardado nesse conjunto de células, que é um campo de energia, representado por nós.

Percebo que assim como a ciência comprova que as nossas células são seres pensantes e inteligentes, essas células também trazem uma memória adormecida. E o ambiente em que vivemos vai cuidar de ativar ou não essa memória. Então posso compreender que além das crenças construídas durante a convivência familiar, trazemos também outras crenças que se encontram adormecidas e que serão ativadas de acordo com algum fato vivenciado. Será que isso faz sentido para você?

Sabemos que trazemos crenças que criam impedimentos para que a nossa vida flua e outras que nos ajudam a vivê-la em sua plenitude. O primeiro passo é identificar quais são essas crenças que impedem que algo flua. O segundo é que, precisamos ter a consciência de que só nós podemos alterar essas crenças. Precisamos querer!

Toda criança deseja ser amada e cuidada por um adulto que tenha como referência uma figura de autoridade. Pode ser a mãe, o pai, um avô ou avó, tia, tio, enfim, alguém que esteja responsável para cuidar dela. A nossa identidade começa a ser moldada de acordo com as crenças, mandatos e expectativas desta(s) pessoa(s). Que nos dizem o que é bom, o que é mau, o que pode o que não pode, o que é pecado o que não é, e assim por diante, na melhor das intenções.

Nesta relação, os nossos comportamentos passam a depender de uma aprovação ou desaprovação desta(s) figura(s) de autoridade que desta forma nos estimulam a esconder, evitar ou distorcer impulsos naturais que expressam o nosso verdadeiro “Eu”. Sob a ameaça de descobrirem o nosso verdadeiro Eu.

Por exemplo, quando uma criança entre 2 a 6 anos presencia uma mãe correr atrás de um ladrão e deixar um filho aos cuidados do pai, ela pode nesse momento ouvir, pela imagem, a mãe dizer: seja uma mulher forte e corajosa! Esse é o mandato que ela toma para si. Mandato é uma missão, incumbência.

Como acreditamos ser seres duais, essa criança, que também tem medo, se cobra que não pode ser medrosa e fraca. Que precisa ser forte e corajosa. Pois, na cabecinha dela, ser medrosa e fraca é ser desamada por essa figura de autoridade, de referencia eleita por ela. Ser desamada, na cabeça de uma criança pode significar ser abandonada e até por em risco a sua sobrevivência.
Infelizmente, continuaremos em um próximo artigo, pois esse assunto é deveras bom de tratar.

Artigo publicado no jornal Diário de Ilhéus em 28/07/2017.

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