A palavra interdependência significa, para mim, muito além da definição do Aurélio, que é o “estado ou condição dos indivíduos que estão ligados por uma relação de dependência mútua; dependência recíproca”. Para mim, está relacionado com o estado de ser pleno, de ser você por inteiro, com medo e coragem, com leveza e angústias, acolhendo todo o tipo de emoções e sentimentos, experimentando em você a Unicidade e compreendendo que nela está a diversidade.
Passa também pela compreensão de que a sua existência depende não só do outro, mas também de um ecossistema imensurável que, sem uma visão sustentável e uma relação amorosa, se desestrutura.
Falar de interdependência me remete ao texto “Tênis x Frescobol”, de Rubem Alves, que nos ensina que na vida é muito melhor jogar frescobol do que tênis. Porque, no frescobol, jogamos para manter a parceria e manter a bola no jogo. Ao contrário do tênis, que o foco é a retirada do outro e da bola do jogo. E se considerarmos, como sugere o nosso querido Rubem, que a bola é o sonho do outro, precisamos ser parceiros, cuidadosos e carinhosos para que ele permaneça vivo.
Eu existo porque você existe. Quem me faz existir é você! O poder de Ser, está em mim e em você. De que adianta um espelho onde nele só a mim enxergo e deixo de ver você? De que adianta eu ser uma terapeuta e você não me reconhecer como tal? Você ser um médico e não ter pacientes? Ser um professor e não ter educandos?
Ser interdependente é um presente de Deus. Saber que você pode ser você e deixar que o outro goste ou não de você sem culpas é maravilhoso. Só fique atento para não cair no jogo de que você precisa aceitar as constantes agressões do outro, passividades ou oposições, simplesmente porque ele é assim.
Ser interdependente demanda uma linguagem assertiva, firme, amorosa, com escuta. Do contrário, a agressividade, passividades e oposição como padrões de comportamento são estratégias de defesa. Estes revelam o nosso adulto imaturo, a nossa criança e o nosso adolescente entrando em ação para impedir que um diálogo se estabeleça. Fique atento a esses jogos, prefira sempre a escuta e o diálogo.
Ser interdependente é viver e não ter a vergonha de ser feliz, como dizia o nosso saudoso Gonzaguinha, desejoso de contribuir para que o outro esteja ao seu lado feliz também.
É fácil? É um desafio que lhe pede paciência, exercício para escutar, abrir mão, argumentar e, por fim, entrar em um acordo que seja bom para todos.
Tudo isso nos faz refletir que ser interdependente é reconhecer que somos um fio dessa grande teia que é a Vida. Que se liga e se religa por conexões físicas, emocionais, mentais e espirituais. Porque somos tudo isso. E se esse fio se rompe, essa teia se desfaz, e nós que somos essa linda aranha que tece… não teceremos mais!
Eulina Lavigne é mãe de três filhos, Administradora, Terapeuta e Palestrante com formação em Constelação familiar pelo Hellinger-Institut Landshut (Alemanha), especialista em Trauma pelo Instituto Junguiano da Bahia. Formada em Experiência Somática e membro da Associação Brasileira de Trauma.
Eulina Lavigne é mãe de três filhos, Administradora, Terapeuta e Palestrante com formação em Constelação familiar pelo Hellinger-Institut Landshut (Alemanha), especialista em Trauma pelo Instituto Junguiano da Bahia. Formada em Experiência Somática e membro da Associação Brasileira de Trauma.
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