Esta semana me lembrei desse comando que, de vez em quando, ouvia na minha infância e que hoje me traz uma reflexão sobre o confiar. O quanto praticávamos brincadeiras que trabalhavam a nossa confiança, a nossa ligação com o próximo, a união, a resiliência e tantas coisas mais. E sinto um tanto quando percebo o distanciamento do modelo atual de brincadeiras tão solitárias e individuais ligadas ao computador e celular.
Enfim, retomemos a questão da confiança. Lembro que, quando alguém queria me dar algo que julgava gostoso, pedia para abrir a boca e fechar os olhos. E antes de fazer isso lembro que sempre me perguntava o que iria entrar na minha boca sem ter a certeza do que seria, pois, afinal de contas, tinha que fechar os olhos para receber. E isso exigia de mim uma extrema confiança naquele que estava me fazendo a proposta. Eu confiava e sempre recebi coisas boas, e isso foi reforçando em mim o confiar. Confiar na vida.
No entanto, havia crianças muito brincalhonas, que se sentiam livres para praticar a sua maldade e colocavam na boca de outras crianças capim e coisas desagradáveis, o que sinalizava, para quem recebia, que não devia confiar tanto assim. E assim construíam as suas crenças.
Hoje, percebo que, embora construamos crenças de forma distorcida, por exemplo, que não devemos confiar em nada e em ninguém, a vida tem me mostrado que o medo criado por nós nos impede de fazer esse movimento. Confiar está relacionado com o movimento da entrega. Em perceber que o que acontecer comigo é para o meu aprendizado, para o meu crescimento e ampliar a percepção da minha Alma sobre a vida. Nada vem para me destruir e sim para me ensinar, me tornar mais resiliente, a buscar soluções e alternativas.
Digo sempre que se há um problema, deve haver uma solução para ele que nem sempre é a que queremos, e sim a que é. Talvez a solução seja confiar e deixar como está para ver como é que fica. Digo também, que se o problema veio para mim é porque posso solucionar, mesmo que precise pedir ajuda do outro e sou eu quem precisa fazer o movimento.
Experimente abrir a boca e fechar os olhos agora enquanto lê esse texto, e veja a sensação que lhe dá. E imagine que o que quer que entre em sua boca, você terá a opção de por para fora ou de engolir. Esse poder é nosso! E assim é na vida. Podemos confiar e nos entregar para a vida.
Podemos viver o que precisamos viver, e confiar que mesmo que seja sofrido, precisamos viver e deixar o sofrimento passar, sem adiantarmos o passo. Pois tudo termina no seu tempo.
Abra a boca e feche os olhos, ore e se conecte com a Vida, pois ela é o nosso grande presente, mesmo que acredite que a sua veio mal embrulhada.
Rasgue esse papel e embrulhe do jeitinho que quer recebê-la. Só você pode fazer isso! E se achar que não pode fazer sozinho, convide alguém em quem confie para lhe ajudar!
Boa sorte!
Artigo publicado no jornal Diário de Ilhéus em 26/01/2018 e no Blog do Thame
http://www.blogdothame.blog.br/v1/2018/01/27/abra-a-boca-e-feche-os-olhos/
Muito boa reflexão! Nos remete a esse sentimento tão fundamental nas relações humanas, a confiança, a entrega. E mais importante ainda, a confiança em nós mesmos, em primeiro lugar.
Parabéns Eulina.
Lúcia Passos
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Grata querida! Um bj
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