Sempre observo a intromissão do outro em minha vida. E tenho exercitado bastante a arte de dar limites. Sim, pois dar limites requer reflexão, bom senso, firmeza e principalmente ação. É uma arte que quanto mais a praticamos mais habilidosos ficamos.
Você deve estar pensando que o outro ao qual me refiro é uma pessoa. Não. Não é uma pessoa encarnada. Também não é aquela estrutura da nossa personalidade identificada por Freud como Superego cheia de crenças e valores. O outro, é aquele desconhecido que a ciência ainda não descobriu e sabemos que existe. Que nos perturba em momentos desnecessários e conta coisas tão irreais e desconexas que, às vezes ou até muitas vezes, passamos a tomar o que ele fala como verdade. E muitas pessoas enlouquecem com ele.
Você já se viu tranquilo e de repente aparece uma voz interna que você não identifica de onde vem e começa a turbilhoar a sua cabeça? Pois é, o próprio. Então vamos aprender a dar limites a essa figura conhecida e ao mesmo tempo desconhecida?
Outro dia, iniciando a minha meditação diária, esse “outro” invadiu o meu espaço e me falou tanta bobagem que o meu coração, tão bobo, começou a acelerar e a querer me angustiar. Se não fosse a minha presença eu nem sei ….
O fato é que me perturbou tanto que precisei parar para agir, tomando algumas providencias e reiniciar a minha meditação.
Quando o “outro” invadir o seu espaço, questione, argumente e volte para o que é real. É importante não excluirmos o “outro” e sim incluirmos, pois se assim fizermos ele volta a nos perturbar. E o que fazer com esse “outro”?
Perceba que o outro, normalmente aparece em momentos em que você precisa resolver algo, decidir, transformar, sair do lugar e agir.
Então tome isso como um aspecto positivo da sua aparição. Tome esse “outro” como um estímulo para você se retirar de um lugar supostamente confortável e faça o que precisa ser feito. Pare de se achar louco ou que existe algo errado com você, uma vez que a nossa psique inconsciente está em um nível desconhecido que a ciência, ainda, não consegue acessar.
Portanto, esse nível de anormalidade aparente pertence a todos e a consciência, é o único elemento fornecedor de dados para a nossa ação. Pois bem, então, mãos a obra! Tome atitudes!
No início vem um medo, natural, que deve ser também acolhido e no final confie que encontrarás a paz! Impeça que quem quer que seja retire essa condição do seu Ser. Muito menos o “outro”! Não é apenas o outro que nos perturba. Somos nós que, na nossa insegurança, com os nossos medos e apegos permitimos que isso aconteça.
Lembre que o responsável por você é você e, sendo assim o limite quem dá é você também. Apontar o dedinho para o outro é mais fácil, pois nos coloca na posição de vítima e assim chamamos a atenção para que alguem nos socorra e seja cumplice das nossas histórias.
Como diz Jandira Masur em seu livro O frio pode ser quente? as coisas tem muitos jeitos de ser. Depende do jeito da gente ver….
Eulina Menezes Lavigne é mãe de três filhos, escritora, poetisa, administradora, empreendedora social, terapeuta clínica, consteladora familiar há 18 anos, trabalha com trauma, há 10 anos utilizando a técnica, naturalista e psicobiológica, SE – Experiência Somática.
Que lindeza!!Sê tu conosco sempre, Entidade Inspiradora de tão polido texto.Quando cita Freud num dos seus tríduos da personalidade humana,( O superego),desço um pouco ao seu mais saliente discípulo,Carl Gustav Jung,quando neste mesmo tema afirma:”Você nunca é tão somente Você.Será Você e o Outro,cujo encontro só se dará em sonhos”.E este sonho,em que ponto podemos lhe dar freios ou estabelecermos regras?
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Grata pelo retorno e pela inclusão de Jung. Nos nosso sonhos e na vida real o outro se manifesta. Um abraço.
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“Tome esse “outro” como um estímulo para você se retirar de um lugar supostamente confortável e faça o que precisa ser feito.” Verdade! Ótima forma de pensar e agir! 🙂
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