Não questionamos a existência da morte. Um dia ela bate em nossa porta e o máximo que pode acontecer é pedirmos a ela que aguarde mais um pouco e será do nosso merecimento ou não ter este pedido atendido.
E quando batemos na porta da morte e entramos sem aviso-prévio e deixamos sem chão os nossos entes queridos? O que pode estar por trás deste corte brutal do fio da vida?
Na visão sistêmica, sob o olhar do nosso mestre Bert Hellinger, um dos criadores da Constelação Familiar, por traz do suicídio há sempre uma dinâmica ligada aos nossos antepassados. E este entendimento contribui para olharmos com menos medo e com mais amor, para quem está nesta intenção.
Segundo as suas observações, ao longo de mais de 30 anos pesquisando os sistemas familiares, quem tenta o suicídio deseja seguir, em lugar de outra pessoa, alguém que já morreu ou também já cometeu um suicídio. E por mais difícil que seja acreditar, o suicídio está ligado ao Amor. Amor a quem foi ou a quem ficou. É sempre bom observar esta dinâmica se você tem algum familiar nesta condição. Internamente a fala de quem deseja cometer o suicídio é “Eu sigo você” ou “Antes eu do que você”.
A Constelação Familiar é um bom recurso para olharmos para estas dinâmicas e ajudar a recolocar a pessoa que tenta o suicídio no lugar que lhe pertence.
Algumas vezes o risco de suicídio está relacionado com a necessidade de se expiar por uma culpa, por exemplo, um aborto provocado ou a entrega de um filho para adoção. Para compensar a culpa, se paga com danos próprios pelos prejuízos causados a outros. Assim, “ameniza-se” a culpa com a expiação para restituir o equilíbrio.
As dores e o sentimento de culpa ficam com quem acredita que poderia ter impedido o suicídio e se sente ainda incapaz de respeitar a decisão e o destino de quem cometeu esse corte com a vida. É preciso desenvolver a consciência de que nem sempre é possível fazer algo, e tudo o que fizermos para acolher este Ser com todo o amor e com escuta amenizará a sua dor.
Em artigo anterior já comentei que acessamos a dor dos nossos ancestrais pela ressonância de campos mórficos, conceito trazido pelo biólogo e filósofo da natureza chamado Rupert Sheldrake, onde cada espécie animal, vegetal ou mineral possui uma memória coletiva a qual contribui todos os membros da espécie a qual formam.
Cada um de nós, traz a memória não só da história da Humanidade, como também a memória familiar, tendo ou não convivido no mesmo espaço ou tempo. Podemos observar padrões que se repetem nas famílias como, por exemplo, um avô que se suicidou, filho e neto perpetuando um movimento.
Ter o conhecimento desta dinâmica, aliada a uma escuta amorosa e sem julgamentos, faz uma grande diferença para o processo de ajuda daqueles que, em algum momento, se sentem fragilizados e incapazes de sustentar a vida, trazendo movimentos para que esses padrões sejam interrompidos para as futuras gerações.
Hoje temos o CVV – Centro de Valorização da Vida que, de forma voluntária e gratuita, realiza 24 horas, todos os dias, pelo telefone 180, email ou chat, apoio emocional e prevenção do suicídio, a todos que querem e precisam conversar. Os usuários podem contar com total sigilo.
Como diz o Jota Quest, viver tudo que a vida tem prá te dar, saber, que em qualquer segundo tudo pode mudar. Podemos fazer sem esperar nada em troca e acreditar no sorriso sem se dar por vencido porque daqui só se leva o amor!
Eulina Menezes Lavigne é mãe de três filhos, escritora, poetisa, administradora, empreendedora social, agricultora orgânica, terapeuta clínica, consteladora familiar há 16 anos, trabalha com trauma utilizando a técnica, naturalista e psicobiológica, SE – Experiência Somática.
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