Hoje poderia estar aqui escrevendo sobre a onda de violência que estamos presenciando contra a mulher. E por acreditar que já está sendo demasiadamente divulgada e focada convido você a lembrar do que há de mais sagrado em nós mulheres. Quem sabe assim, com esta reconexão, possamos tomar de volta a nossa força e o nosso poder de transformar tudo isto.
Em 1997 participei de uma vivência chamada A reconsagração do ventre, uma experiência só para mulheres onde fomos convidadas a resgatar e a nos reconectar com o que há de mais sagrado em nós mulheres: o nosso ventre.
Antes da época da inquisição, a nossa conexão com o nosso ventre por meio de rituais era uma realidade. O sangue gerado por meio da menstruação era devolvido à terra como uma forma de reintegrá-lo e fertilizar a Grande Mãe e era considerado um sacramento.
Os índios do Arizona se untavam de sangue menstrual que dava poder de invisibilidade perante os inimigos.
Antes da inquisição as mulheres sábias, vistas como bruxas, aproveitavam o período menstrual para se reconectar com o seu poder. O poder da serpente, quando desprende o revestimento do seu útero como uma serpente que desprende a pele. Neste período se renovavam fisiologicamente, liberando as toxinas físicas e resíduos emocionais e a cada mês refinavam a sua capacidade de ser mulher.
A menstruação era considerada um momento de poder para a mulher e essa energia era utilizada para buscar o seu propósito de vida. E isto era feito pelas mulheres, chamadas de bruxas, da seguinte forma:
O primeiro dia da menstruação era o momento de se experienciar o instinto feminino. Momento de se nomear uma questão para se trabalhar no período da menstruação. Este movimento estava ligado ao corpo.
No segundo dia era o momento de se trabalhar o intelecto. Quando o fluxo menstrual aumentava. Olhando para os impedimentos da questão que se desejava trabalhar. Deixando fluir junto com o sangue. Na medida em que o corpo ia liberando as toxinas a questão enfocada ia sendo purificada. Era o tempo de reconstrução interna para renovação. Trabalhava-se a mente.
Nos últimos dias da menstruação era o momento de abertura para a questão a ser trabalhada na próxima menstruação. Quando ficavam atentas aos sonhos que representavam os anseios da alma. Após este período a mulher estava pronta para distribuir os frutos do seu aprendizado.
O período menstrual é um momento de recolhimento em que a mulher deveria ficar mais em repouso. O Japão foi o primeiro país a criar uma legislação em que concedeu o período de recesso de 3 dias para as mulheres, e não é usufruído por temerem preconceito do mercado de trabalho. Outros países como a China, Coreia do Sul, Indonésia. Existe um projeto no Brasil que está em análise.
Toda esta sabedoria foi apagada do processo do feminino com o aumento do poder das regras patriarcais e com a inquisição, que destruiu a essência do feminino com a morte de 85% das mulheres que tinham esta sabedoria.
Neste momento a humanidade foi separada da essência do feminino e esta separação foi reforçada com o evento da Revolução Industrial, quando valores relativos à produtividade e competitividade começaram a superar a autenticidade.
A menstruação passou a ser um incômodo, pois reduzia o ciclo produtivo das mulheres. Surgiu então o arquétipo da mulher frágil e por assim serem vistas passaram a ser desrespeitadas em seus direitos.
A partir de então, começaram a surgir os primeiros movimentos feministas no mundo e em 1977 a ONU reconheceu o dia 8 de março como o dia Internacional da Mulher.
Todas estas tentativas de apagar da nossa memória o Sagrado Feminino e de suprimir o direito de estar presente no mundo de forma digna e honrada provocou essa desconexão do nosso corpo, com a nossa mente e a nossa alma.
Está na hora de olharmos para isto e resgatar o nosso Sagrado Feminino. E nós mulheres precisamos retomar a essência deste ventre que nos nutre e gera vidas e, com todo respeito à ele, observar com quem desejamos compartilhar o que há de mais sagrado em nós.
Viva o nosso dia! Viva o sagrado feminino que gera os frutos no nosso ventre. Amém!
Eulina Menezes Lavigne é mãe de três filhos, escritora, poetisa, administradora, empreendedora social, agricultora orgânica, terapeuta clínica, consteladora familiar há 16 anos, trabalha com trauma utilizando a técnica, naturalista e psicobiológica, SE – Experiência Somática.
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Nossa!!Que artigo viril!! Tem a força do ciclo menstrual dos 1° dias,e a elevação,no seu pico máximo,da libido feminino,quandp no seu período fértil.(Cio).É assim que vejo o processo procriatório,nesse viés quase animalesco de nós homens,enquanto Reprodutor,e mais Sagradamente da mulher,enquanto Mãe.É por isso,e não somente por isso,que merece o deferimento de Respeito,mas sobretudo porque as suas demandas a partir de Revolta do Women’s Lib,na década de 70,estabeleceu-se que o Regimen Patriarcal,tal como o muro de Berlin em (1989),estava no chão,de modo que os provimentos em igual proporção caberia ao casal,sem atribuir nenhuma outra tarefa ao homem e sem suprimir àquelas tantas já executadas pela mulher.Logo,a fadiga dos casais aconteceu de modo inexorável,com relacionamentos curtos e de pouca cumplicidade.Com agressões especificamente identificadas como feminicídios.Com delegacias que,no dia a dia,pontilham(B’Os),Boletins de Ocorrências com os horrores das Fêmeas.E,nesse Bôjo vieram: Medos/Temores/Queixumes/Infortúnios/Depressão Pós Traumática.Resumo da Ópera:Um Dia 08 de Março só é muito pouco para lavar e enxaguar todo esse sangue menstrual derramado pelas queridas e respeitosas Mulheres.A elas 365 dias de acatamento dos seus valores estariam de bom tamanho.Parabéns,Eulina,pelo texto!!
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