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Já comentei em artigos anteriores, que o nosso corpo é o último estágio onde a doença se instala.

Nosso mestre em Constelação Familiar, Bert Hellinger nos ensina que a doença em nosso corpo começa na Alma pois, é dela que vem os movimentos do amor que nos levam às pessoas doentes, que desejamos nos vincular.

Assim como existe um amor que cura existe um amor que adoece por meio do nosso desejo natural de pertencimento. E percebo que, muitas vezes, o desejo de pertencer e fazer parte de uma família é tão intenso e ao mesmo tempo tão desafiante, em função do ambiente doentio em que se encontram muitas famílias, que a estratégia adotada pela criança é  ausentar-se do corpo, dissociar-se  para suportar a desestruturação familiar.

Desta forma, desenvolvem uma estrutura de caráter a qual denominamos esquizoidia. Pessoas esquizoides são pessoas que possuem dificuldade de se relacionar socialmente, altamente criativas, gostam de estar sozinhas, são pessoas indiferentes aos sentimentos afetivos. Normalmente são frutos de uma família cujos seus cuidadores foram pouco sensíveis e negligentes na infância, deixando a criança vivenciar relações abusivas ou agressivas, demonstrando assim para elas que as relações não são prazerosas.

Normalmente o que acontece é que os cuidadores desta criança, também vivenciaram descuidos durante a infância e por não terem recebido cuidados, evidentemente, não aprenderam a cuidar. Assim,  é necessário uma intervenção terapêutica para evitar-se a perpetuação deste ciclo e a formação de um padrão familiar nas gerações futuras.

Embora a esquizoidia seja parente da esquizofrenia, nesta última o sujeito não faz diferenciação entre as suas experiências internas e externas e se deixa envolver nas suas alucinações e em seus delírios.

E o que fazer com as pessoas que possuem este transtorno de personalidade? Contribuir para a sua corporificação, ou seja, ajudá-las cada vez mais a estarem presentes em seu corpo de forma cuidadosa pois, a intensidade do processo pode gerar um medo tão grande que novamente ela vai preferir ausentar-se do corpo. Atividades como Judô, Karatê, Capoeira, caminhadas e aquelas que solicitam aterramento e trabalham com as pernas são sempre bem-vindas.

Tenho percebido muitas pessoas com dificuldade de estarem presentes para lidar com a realidade em que estamos vivendo. Muitos sentem-se perdidos e sem rumo; desejosos de ir embora e sem saber para onde ir. Então, o primeiro movimento que fazem é ir embora do corpo, uma vez que é insuportável ficar para presenciar tantos desafetos, tantas situações agressivas, de riscos e com total ausência de segurança.

Estar fora do corpo, a deixar aflorar as suas emoções e sentimentos, é melhor e mais seguro para elas neste momento.

Acontece é que este movimento torna-se uma grande ilusão pois, o que pode ser uma boa estratégia a curto prazo, a longo prazo trará imensas consequências como o isolamento, a dificuldade de se relacionar, respeitar e compreender o diferente a ponto de desejar se retirar definitivamente da Vida.

É muito importante ampliarmos o nível de compreensão com estas pessoas para evitarmos julgamentos e promover um acolhimento mais amoroso. É importante também, oferecermos às nossas crianças um ambiente relacional amoroso e seguro para que estejam incorporadas e façam do corpo uma moradia segura.

É fundamental que cada um de nós estabeleça, cada vez mais, conexão com o nosso corpo e com a Terra para sustentar tanta luz! Somo luz! E muitas vezes esta luz vem com tanta intensidade, clareia tantas coisas a serem vistas que temos dificuldade de sustentar. Portanto, vamos ancorar o nosso corpo na terra e vamos ter firmeza e discernimento para honrar  e reverenciar a Vida que recebemos dos nossos pais.

Eulina Lavigne é mãe de três filhos, escritora, poetisa, terapeuta clínica, consteladoraa familiar há 18 anos, trabalha com a técnica da Experiência Somática – SE®, que promove a regulação do sistema nervoso central e traumas, há 10 anos, é agricultora.

http://bit.ly/WhatsEulina

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