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Quando o Faz de Conta transforma-se em Era uma Vez

É muito provável que a maioria de nós,  quando criança, tenha aprendido a brincar de faz de conta. Faz de conta que sou o meu pai, que sou a minha mãe, o médico, a babá, o amigo, a boneca, o boneco, e assim  fomos  experimentando os diversos papeis.

Outras vezes brincávamos de faz de conta que estava tudo bem para agradar aqueles que nos cuidavam e garantiam, com a sua forma de amar, a nossa sobrevivência.

E como a maioria aprendeu a maioria também, tende a permanecer neste papel, esquecendo-se que cresceu e no conforto de que é muito melhor brincar de faz de conta do que encarar o que é real.

Eu faço de conta que gosto de você e lhe suporto por conta da posição que ocupa, seja lá em que lugar for. Faço de conta que concordo com você e, por traz, digo qual é o meu real pensamento. Digo que te amo para permanecer na minha zona de conforto e preservar tudo que me proporciona e até para evitar algo mais agressivo da sua parte como forma de me preservar.

 Faço de conta que concordo com você para evitar as suas respostas agressivas que se enchem de defesas encobrindo onde realmente lhe dói. Faço de conta que lhe agrado com medo do que você possa fazer comigo.

Então, a brincadeira se prolonga fazendo de conta que eu te entendo, que eu te escuto, que eu te vejo, que eu te amo, que eu sou tudo aquilo que você acha que sou e não sou. Faz de conta que quero e não quero. Que eu te ouço e não escuto. Que falo e não reverbera em mim.

Brincamos de faz de conta que crescemos e que somos adultos maduros e, no fundo somos muito infantis. Somos crianças mimadas, descuidadas, violentadas. Somos.

E logo o faz de conta vira era uma vez. Era uma vez um professor, um marido, um filho, um amigo, um amante, uma esposa. Era uma vez, uma vida confortável, um carro de luxo, um amor eterno e que se evaporou no tempo.

Ahhh o tempo! Uma hora ele põe tudo no seu devido lugar. No lugar do desconforto que evitamos estar pois, empurramos com a barriga para depois resolver. E o depois fica pior do que se antes tivéssemos tomado as devidas providências. O que era ruim fica pior.

Precisamos pensar melhor. Precisamos acreditar que o quanto antes sairmos do faz de conta melhor pois,  tudo que piora melhora uma hora. E quanto mais empurramos com a barriga, para depois resolvermos, na maioria das vezes, o tempo passou demais e a dificuldade para uma solução é pior ou impossível. E o  tempo passou e só Carolina não viu, como já dizia o Chico Buarque.

E o mais interessante é que quem brinca de faz de conta, acredita que brinca sozinho. Acredita que é o sabido da história. Vai existir um momento, que alguém se retira da história justamente por não querer mais fazer parte da brincadeira.

Vai chegar um momento que tudo vai precisar ser contado de outra forma para que o faz de conta passe a ser Era uma vez!

Eulina Menezes Lavigne é mãe de três filhos, escritora, poetisa, administradora, empreendedora social, agricultora orgânica, terapeuta clínica, consteladora familiar há 16 anos, trabalha com trauma utilizando a técnica, naturalista e psicobiológica, SE – Experiência Somática.

Para entrar em contato clique no link:

http://bit.ly/WhatsEulina

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