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O Vírus da Renovação

A quaresma é o período de quarenta dias, que antecedem a Páscoa, a principal celebração do cristianismo que é a ressurreição de Jesus Cristo. Durante este período, a recomendação é: uma alimentação mais leve, sem carne; o exercício de hábitos mais saudáveis que melhore a sua vida e a de outros; o envolvimento em tarefas voluntárias que beneficie aos nossos próximos, a prática do AMOR de uma forma mais consciente, dentre outras.

Embora eu acredite que estas deveriam ser práticas do nosso cotidiano, estamos na quaresma de quarentena sendo convidados, infelizmente por um vírus,  a ressurgir e a renovar e a exercitar o AMOR.

Estamos todos navegando no mesmo barco e apesar de ter lido e escutado que o barco não é o mesmo e sim a tempestade, me permitam pensar diferente. Penso que metaforicamente o nosso barco é o Planeta Terra, portanto é o  mesmo, onde todos estamos vivendo a mesma situação do coronavirus e passando por tempestades mais fortes, outros mais fracas e outros  a tempestade ainda nem se quer chegou.

O foco da ressurreição é a vida, simbolizada pela passagem e renascimento de Cristo. O foco da ressureição é também o amor. O amor que está dentro de cada um de nós.

Neste tempo de grandes desafios, em que a Humanidade está vivendo, há um chamado no meio de tantas dores pela passagem de entes queridos e de um grande medo que permeia a todos nós de perdermos as nossas referências.

Há um chamado para deslocarmos o nosso olhar dos anseios materiais individuais, para os anseios reais das necessidades básicas do coletivo. Há um chamado para o exercício do AMOR.

Não sei o que será igual a antes, não sabemos o dia de amanhã. No entanto, sinto que uma marola está nos atingindo e que vai sacudir o barco. Muitos vão cair no mar e vão ficar e precisaremos continuar remando firmes. Só sabemos a direção quando ela passar. Mantenha-se firme nesta viagem, e dentro da onda, pois Jesus Cristo ressurgiu, e assim será com toda a Humanidade.

Estamos começando a vivenciar a morte da antiga forma e o surgimento de uma nova forma, que não será nem isto e nem aquilo e sim isto e aquilo, será mais inclusiva, interdependente e incerta. Lembro aqui os três I`s do método DGCC – Diálogos e Gestão de Conflitos da querida Vivina Machado.

Cada sacudida do barco o nosso corpo sentirá. Sentiremos falta de ar, o corpo vai doer, o coração vai disparar. Respire e se mantenha firme com os pés no chão. Faz parte do ressurgir o desconforto, principalmente no corpo. Simbolicamente ou realmente, o coronavirus traz o sintoma da falta de ar, como se a Terra suspirasse dizendo “Estava demais para mim”, “há tempos me faltava ar”, “há tempos eu sofro”. E então, começamos a sentir isto no corpo. Toda a humanidade.

A Terra entrou em pausa. Pausa para respirar, para despoluir, para se regenerar, para se renovar, para amar ao próximo como a si mesmo. Para mim este é o chamado.

Eu espero que cada um de nós avalie de que ponto pode ressurgir. O que pode fazer diferente agora, o que pode consumir menos, como pode melhorar a sua qualidade de vida e a do próximo, como pode ser mais solidário e humano.

Desejo uma páscoa, por mais desafiador que seja este momento, de esperança e a certeza de que somos capazes de ressurgir. Juntos!

Artigo publicado no jornal Diário de Ilhéus em 10/4/2020.

Eulina Menezes Lavigne é Terapeuta Clinica, Consteladora Familiar e Especialista em Trauma.

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