
A palavra desapego, significa falta de apego. E a palavra “apego” surge a partir da palavra ”pegar”, do Latim PICARE, “trazer consigo, ter em si, pegar.” Portanto, desapegar nos convida a abrir mão do ter, de pegar algo material.
A todo o momento somos estimulados a desejar. Desejar um carro, uma roupa, uma joia, alimentos, dinheiro. E, muitas vezes, atendemos a essa provocação e deixamos de pensar se, de fato, precisamos do objeto do desejo, qual a procedência do que estamos consumindo e se é algo produzido com responsabilidade para com a Terra e nós seres humanos.
E de tanto desejarmos, nos desconectamos de nós e de qual é o nosso grande propósito aqui na Terra.
E qual a diferença entre o desejo e a vontade?
A fonte do desejo é a mente e está associado a tudo aquilo que nos dá prazer. Está associada a forma. E se intensifica quando a nossa vida é controlada pelos anseios materiais.
A fonte da vontade é o coração. E a vontade é mais forte do que o desejo, pois se estabelece a partir da conexão, corpo (físico, emocional e mental) e a nossa alma.
Para quem acredita em Deus (independente da forma que ele se apresente) e reza o Pai Nosso, deve prestar atenção à frase: seja feita a vossa vontade assim na Terra como no céu.
Então qual é a vontade? No meu livre pensar, a vontade está associada ao aprimoramento do Ser. Do nosso servir.
E o servir está dissociado da matéria. Servimos bem, quando, com o tempo nos tornamos seres humanos melhores do que éramos antes. Conectados com o coração e com o Amor. Servimos, quando realizamos o nosso propósito e em consequência nós temos a nossa remuneração. Realizamos com a intenção de ampliar consciência e melhorias para a Terra, diferente de realizarmos o propósito apenas para ganhar dinheiro.
E este é o grande chamado. Desapegue. Abra mão de tantas coisas materiais em demasia e que provocam um grande distanciamento do nosso propósito e daqueles que são excluídos do ter.
Desapegue da antiga forma. De que adianta termos se evitamos ser?
De que adianta ser sem sentir?
Então, pense no que estamos voltando a fazer, agora virtualmente. Pois, o apego agora é ao computador e celulares. Nunca vi tantas lives ativando as pessoas. Acelerando-as como se o tempo que passamos em casa fosse um tempo perdido e que a corrida continua. E tenho receio de estarmos perdendo, de novo, a oportunidade de nos desapegarmos de tudo que nos impossibilita de estarmos mais presentes dentro de nós, com a nossa família e tudo que requer a nossa atenção.
O grande risco é não compreendermos o recado do vírus.
Na escola, quando a gente não aprende a lição, repetimos de ano.
Então, vamos ouvir o recado de “Qual é mesmo a vontade?”. E do quanto precisamos abrir mão dos desejos de estarmos conectados com tudo que nos desconecta do mais importante, que somos nós.
Pare um pouco e pense: de tudo o que você tem, do que pode abrir mão? Imagine-se doando várias coisas que para você ainda são importantes , para quem não tem quase nada.
Este convite é muito desafiador, eu sei. Agora não tem volta. O caminho é para dentro de nós!
Eulina Lavigne é mãe de três filhos, escritora, terapeuta clínica, consteladora familiar há 18 anos, especialista em Trauma há 10.
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