Imagem de Jackson David por Pixabay
Em qualquer dicionário que se consulte sobre o significado da palavra empatia, vamos encontrar como conceito a ação de se colocar no lugar de outra pessoa, buscando agir ou pensar da forma como ela pensaria ou agiria nas mesmas circunstâncias.
Então lhe pergunto: será mesmo que conseguiremos nos colocar no lugar do outro, sentindo, pensando e agindo como ele?
O aprendizado que absorvi por meio do método DGCC – Diálogo de Gestão Criativa de Conflito, criado por Vivina Machado, Consultora Organizacional e terapeuta, me fez refletir que a resposta para esta pergunta é não. Não podemos e jamais conseguiremos nos colocar no lugar do outro. Jamais conseguiremos pensar, sentir e agir igualmente a uma outra pessoa.
Primeiro porque cada pessoa tem o seu nível de individualidade, viveu e sentiu as suas experiências e incorpora cada uma delas a partir do seu nível de consciência e da sua capacidade de integrá-las. Portanto, serão muitos fatores desconhecidos e que podemos sim, segundo o método, compreender que somos Interdependentes, precisamos Incluir o outro como sinal de respeito, o que é diferente de aceitar tudo o que o outro traz e sim perceber que do lugar onde o outro está é assim que ele enxerga. Além de precisarmos perceber a Incerteza pois, não existe uma única verdade, e em um segundo tudo pode mudar.
Baseada neste novo olhar, compreendo agora que posso ter empatia pelo outro a partir da minha existência e experiências vividas, ao contrário de me colocar no lugar do outro. Pois, se nunca vivenciei o que o outro vivenciou eu jamais poderei compreender as suas dores e o seu ponto de vista. Posso incluir e a partir desta interrelação, construir uma nova forma de pensar que integre o meu ser e o do outro.
Acredito nisto e, cada vez mais, percebo que a escuta do que o outro pensa, sente e diz pode ser um fator crucial para mantermos as relações em um nível saudável. E empatizar significa, também, se solidarizar com o outro.
O papa em sua primeira audiência pública desde o início da pandemia disse: “a atual pandemia pôs em evidência a nossa interdependência: estamos todos ligados uns aos outros, tanto no mal como no bem. Para sairmos melhores desta crise, devemos fazê-lo juntos, juntos, não sozinhos. Porque sozinhos não se consegue. Ou se faz juntos ou não se faz. Devemos fazê-lo juntos, todos nós, em solidariedade. Gostaria de sublinhar esta palavra, solidariedade”.
Portanto, penso que podemos desenvolver uma relação, saudável com o outro, a partir de nós. A partir de mim, compreendendo que a minha existência depende da existência do outro, e vice-versa.
E incluo na palavra “outro” qualquer ser existente na face da terra, mesmo que seja uma pedra, pois a pedra, ao contrário do que muitos pensam, não é simplesmente um ser inativo, imprestável. A pedra contém a energia da nossa existência. Contem muitas histórias e vibrações milenares que de algum ponto reverberam em nós, seres humanos, que se acham tão donos de si e da verdade.
A empatia é um estado do ser na sua existência e que, portanto, depende da existência do próximo. Logo, todo cuidado e amorosidade com a história do outro será bem-vinda.
Se empatize!
Artigo publicado no jornal Diário de Ilhéus em 11/09/2020
Eulina Menezes Lavigne é mãe de três filhos, escritora, poetisa, administradora, empreendedora social, agricultora orgânica, terapeuta clínica, consteladora familiar há 16 anos, trabalha com trauma utilizando a técnica, naturalista e psicobiológica, SE – Experiência Somática.
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